É um garoto que, como tantos outros, sonha mudar o mundo, fazer com que ele fique um pouco melhor. A diferença é que milhares de pessoas, inclusive cientistas e professores universitários, acreditam que ele vai conseguir.
E a tarefa é gigantesca: limpar os mares do planeta de um dos piores poluentes: o plástico.
Várias soluções já foram pensadas e abandonadas: eram difíceis ou caras demais. Usar redes, por exemplo, poderia liquidar com a vida marinha. Até que Boyan surgiu com sua ideia inovadora.
Quando se tem uma boa ideia, nenhuma tarefa é grande demais, nada é impossível. Boyan decidiu limpar os oceanos quando tinha 16 anos de idade. Hoje, apenas quatro anos depois, ele lidera uma equipe de 100 pessoas e recebe o apoio de gente de 150 países, uma multidão que o conheceu pela internet e embarcou no sonho dele.
Ele conta que tudo começou quando estava mergulhando na Grécia. “Eu me dei conta de que havia mais plástico do que peixes na água. Depois de um ano, descobri um método, um jeito de limpar metade do lixo do Oceano Pacífico em dez anos”, conta Boyan.
O próximo passo foi entrar na internet e apresentar a ideia a quem se interessasse. “Fomos inundados com 50 mil e-mails por dia de pessoas que queriam ajudar”, lembra o jovem.
Para convencer as pessoas, era preciso mostrar que o projeto funcionava. Os primeiros testes foram feitos em uma piscina. Depois, no mar de verdade, em Portugal e no Havaí, nos Estados Unidos.
Ele quer construir um gigantesco coletor na forma da letra “v”. O plástico é empurrado pelas correntes marítimas e se acumula no vértice desse “v”. Uma esteira movida por energia solar puxa esse plástico acumulado para um depósito. A cada 45 dias, um navio vai até lá e recolhe o material. Como o sistema não tem redes, os peixes e outros animais marinhos podem passar por baixo do tubo sem nenhum risco. Sai caro: cerca de R$ 90 milhões por ano, mas Boyan é otimista.
“A gente já mostrou que o plástico pode ser convertido em óleo e outros materiais. As possibilidades são infinitas. Certamente será possível vender por mais do que vai custar a limpeza do oceano”, explica o jovem.
E aí entraram em cena colaboradores do Brasil, da Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, que conheceram Boyan pela internet.
“É uma coisa tão simples e eficiente, né, remover os plásticos dos oceanos. E eu fui atrás”, diz Kauê Pelegrini, estudante de Engenharia Ambiental.
No Brasil, parte do lixo coletado pela equipe de Boyan foi analisado.
“E, dependendo dos resultados que nós viéssemos a obter, nós teríamos como propor uma alternativa de reciclagem desses materiais. Que é o caso dessas saboneteiras que a gente produziu com o material que veio coletado de lá”, diz o brasileiro.
Boyan diz que os brasileiros estão entre os principais incentivadores do projeto: “O Brasil também é vítima da poluição por plástico. E os brasileiros dão muito apoio a essa ideia”.
O financiamento é feito com doações voluntárias. A página do projeto na internet informa que já foram arrecadados mais de € 1,6 milhões, mais de R$ 4,5 milhões.
“Espero que um dia a gente possa nadar e encontrar mais peixe do que plástico. Vai ser ótimo”, sonha Boyan.
O planeta certamente ficará agradecido.